quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Os executivos brasileiros estão motivados?

O mundo de hoje é cada vez mais dinâmico. Logicamente esse dinamismo todo tem um preço. Cobrança no trabalho, trânsito estressante, chefe, pouco tempo para a vida pessoal, entre outros fatores estressantes comuns no dia a dia das pessoas. Os profissionais estão ficando desanimados com a vida no trabalho. Isso gera uma enorme preocupação para as empresas, particularmente, para o departamento de gerenciamento de pessoas. Desta forma a grande questão para as empresas é: como compreender melhor a motivação no trabalho?

A resposta para esta pergunta não é fácil. Entretanto, estudos recentes sobre o tema da neuroeconomia aplicados à motivação no trabalho apontam para três fatores cruciais: somos influenciados por nossa carga genética; o ambiente de trabalho é importante para o desempenho do pessoal; e podemos, sim, modificar as conexões cerebrais com treinamento para atuarmos de forma mais motivada no trabalho.

Portanto, ao contrário da ideia dominante no mundo empresarial, é possível gerenciar o processo de motivação na empresa. A diferença é que, enquanto o modelo tradicional se embasa em critérios subjetivos, o que leva a descrença da eficácia do método, a vertente da neuroeconomia se utiliza de variáveis fisiológicas, o que facilita o tratamento quantitativo das informações coletadas e, consequentemente, permite uma melhor gestão da motivação.

Passamos 1/3 de nossas vidas no ambiente de trabalho. Desta forma, identificar fatores que nos proporcionem motivação é essencial para o bom desempenho. Sabendo disso, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Harvard, EUA, elaborou a Teoria dos Quatro Impulsos da Motivação (neuromotivação). Segundo o professor Nitin Nohria,  o ser humano é guiado (motivado) por quatro impulsos básicos. São eles: impulso de adquirir, impulso a formar laços, impulso de compreender e impulso a se defender.

Cada um dos quatro impulsos acima descritos é independente; não há como ordená-los hierarquicamente ou trocar um por outro. O certo é que cada um funciona melhor em situações específicas como por exemplo: sistema de premiação (impulso a adquirir), cultura (impulso a formar laços), desenho do trabalho (impulso a compreender) e processos de gestão de desempenho e alocação de recursos (impulso a se defender).

Para avaliar a motivação é necessário mensurar quatro indicadores básicos: envolvimento (energia, esforço e a iniciativa que o indivíduo exibe no trabalho), satisfação (o grau de satisfação reflete até que ponto o pessoal crê que a empresa satisfaz suas expectativas no trabalho e cumpre contratos implícitos e explícitos firmados com todos), compromisso (o compromisso mostra até que ponto o pessoal se envolve na cidadania empresarial) e intenção de deixar a empresa (o melhor indicador de rotatividade dos quadros).

Para verificar a (neuro) motivação nas empresas brasileiras uma pesquisa foi levada a cabo em parceria com pesquisadores portugueses do Instituto Universitário de Lisboa. O estudo foi realizado em um inquérito com executivos das cidades de Ribeirão Preto, Franca, São José do Rio Preto, Caxias do Sul, Curitiba, tendo como objetivo final mapear a motivação desses executivos e os objetivos intermediários: verificar o envolvimento com o trabalho, a satisfação, o compromisso no trabalho e intenção de deixar a empresa. O estudo foi realizado entre julho de 2013 e abril de 2014 por meio de envio de e-mails a 134 executivos. O critério para escolha da amostra foi por acessibilidade. O estudo completo foi publicado em um jornal cientifico na Inglaterra.

Vejamos os principais resultados: 74,3% fortemente envolvidos com o trabalho, 54,1% muito satisfeitos, 80,5% fortemente comprometidos e 46,3% têm muita vontade de continuar na empresa.

Diante dos desafios derivados das novas formas de alocação dos recursos, em especial, dos meios de comunicação, que exigem velocidade, precisão e competências diversas dos executivos, observamos que os gestores brasileiros apresentam elevada motivação no trabalho. Contudo, a pesquisa continua e o próximo passo será o estudo por meio de equipamentos neurociêntificos para mensurar quais desses fatores têm maior impacto na motivação do executivo.

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