Para
efeito de exemplificação, imagine alguém que se dirige a uma concessionária de
veículos para comprar seu primeiro carro. Essa pessoa chega ao estande de
carros populares e, no momento em que pergunta o valor de determinado carro,
esse preço será percebido com a memória de trabalho e depois ele será gravado
na memória de longo prazo, criando o efeito de ancoragem por muitos anos
seguintes. Sempre que esse consumidor voltar à concessionária para comprar o
mesmo tipo de carro, sua memória de longo prazo lhe lembrará do preço âncora
proposto na primeira compra: eis o efeito de ancoragem.
O
cérebro armazena as informações por um breve período (memória de trabalho) e
depois separa e apaga o que não considera importante. Dessa forma, a ancoragem
ocorre no sentido de que o preço-base ou sugerido pelo varejo será de tal forma
percebido na mente daquele consumidor, que influenciará todas as suas compras
futuras daquele produto.
O
que realmente importa na situação de ancoragem no consumo é a forma como um
número influi nas decisões das pessoas, ou seja, se uma pessoa, ou um grupo de
pessoas é exposto a uma informação qualquer acerca da precificação de um
produto, ela será influenciada a ponto de se basear neste preço-âncora como
parâmetro para suas decisões de compra de determinado produto. O número
sugerido só poderá ser considerado uma âncora se a pessoa estiver interessada
na compra do produto.
Para
verificar a existência do efeito de ancoragem no mercado, o professor da
Fundação Getúlio Vargas, José Chavaglia Neto, verificou o comportamento dos
estudantes MBA diante de uma situação de tomada de decisão de compra – o 300
pessoas que pertencem a essa população específica foram entrevistadas.
O
experimento foi realizado da seguinte forma: um folheto com a imagem de uma
marca famosa de chocolate era apresentado a alguns alunos de cursos de gestão
de empresas. “Perguntamos a eles se pagariam um valor igual aos dois últimos
números do seu R.G. (documento de identidade). Em um segundo momento, separamos
os alunos que responderam sim e perguntamos qual seria o valor máximo que
pagariam pelo chocolate”, explica José Chavaglia.
Os
alunos que tinham os dois últimos dígitos do número da identidade maiores do
que 50 dispuseram-se a pagar em média R$ 25,00 pelo chocolate; já aqueles
estudantes que apresentaram os dois últimos dígitos do número de identidade
menor ou igual a 50 obtiveram um valor máximo de compra de R$ 16,00.
Este
resultado indica que os alunos foram fortemente influenciados pelo valor dos
dois últimos dígitos do número de identidade, confirmando a existência do fator
de ancoragem na determinação dos valores máximos de pagamento pelo chocolate.
Ou seja, as pessoas que formaram uma âncora acima de cinqüenta se dispuseram a
pagar mais pelo chocolate, enquanto que as pessoas que formaram uma ancoragem
menor do que cinquenta demonstraram estar propensas a pagar menos pelo
chocolate.
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